O Milagre do Natal – Lucas estava muito triste, já haviam passados dois meses e seu pai ainda estava em coma, na UTI do hospital. Como era de seu costume, Lucas visitava seu pai todas as noites. Ficava lá, sentado ao lado do pai conversando como se ele estivesse o ouvindo. Pensava: quem sabe o milagre do Natal?!
– Então, papai, o senhor vai acordar, e logo logo vai estar em casa, junto com todos os seus filhos, assistindo um bom joguinho de futebol e uma novelinha. É, o senhor pensa que eu não sei que gosta de uma novelinha, ein?
Assim eram as visitas, até que chegou a véspera do Natal. Lucas, foi mais uma vez visitar o seu pai. Desta vez Lucas, estranhamente, não estava tão triste. Havia em seus olhos uma luz radiante, diferente. Chegou perto do leito, ao invés de sentar-se ao lado, acomodou-se na cama de seu pai. Desta vez não conversou com ele, apenas fez uma oração, um pedido, em pensamento.
“Deus, hoje é dia de Natal, sei que Lhe pedi muitas coisas vãs, mas hoje, eu queria pedir para o Senhor acordar meu papai, trazê-lo de volta para seus entes queridos. Eu sei que se não for possível hoje, talvez mais para a frente, deixo o meu pai nas Suas mãos. Obrigado!”
E Lucas pegou no sono! Acordou, depressa e muito assustado, parecia que tinha ouvido a voz de seu pai. Levantou-se e, rapidamente, olhou para a cama: os olhos de seu pai estavam abertos e os seus lábios esboçavam um sorriso. Meio que desacreditando no que via – afinal, parecia um sonho, ele poderia estar sonhando com aquilo -, hesitante, perguntou:
– Papai, o senhor acordou? E, aí pode ouvir aquela voz tão conhecida do seu pai, respondendo:
– Que foi moleque, tá vendo fantasma. Você está assustado comigo, seu próprio pai?! E, sorrindo, estendeu a mão ainda têmula, dizendo a Lucas:
– Querido filho, eu estava dormindo tanto que, nos meus sonhos, eu estava indo para um lugar tão bonito, mas tão longe de casa, tão longe de você, da mamãe e dos seus irmãos, quando ouvi sua voz me chamando, pedindo para eu não ir, para eu ficar com vocês. Aí, eu acordei aqui, nesse lugar diferente de casa e, ainda por cima, você me espremendo e roncando em minha orelha. O que estou fazendo aqui, meu filho?
– Nada, papai, o senhor estava apenas descansando um pouco. E, num forte abraço no pai, Lucas começou a chorar, e completou:
– É que hoje é Natal, e eu vim buscar meu presente, vim buscar você papai!
Texto: O Milagre do Natal – Conto de Aurelio Martuscelli Neto – autorizada a reprodução total desse texto, desde que citados o autor e a fonte:
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